Rede Andorinhas no enfrentamento à desigualdade de gênero na UFOP
Você já se perguntou a diferença que pode fazer uma mulher em cargos de gestão na Universidade? Ou que mudanças as mulheres podem provocar em qualquer âmbito quando se unem e se organizam?
Em meio à pandemia, no dia 21 de junho de 2021, Patrícia Moreira, mestre e doutora em genética e professora do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente da UFOP, ajudou a fundar a Andorinhas, uma rede de mulheres compostas por mulheres cis e trans de todas as categorias da Universidade Federal de Ouro Preto (discentes, docentes, servidoras tecnico-administrativas e, também, terceirizadas).
O coletivo Andorinhas - Rede de Mulheres da UFOP surgiu com o objetivo principal de diminuir as assimetrias de gênero no âmbito da universidade, além de lutar contra as violências contra as mulheres. "Nossa intenção é mostrar que o ambiente universitário é também para as mulheres, é um espaço de direito delas e aos poucos estamos conseguindo mostrar isso e fazer a diferença para a comunidade da nossa universidade", contou Patrícia durante o evento "Ocupação INCT Caleidoscópio: as Redes e os desafios da equidade e diversidade de gênero na academia", que aconteceu no dia 27 de novembro de 2023 por videoconferência.
Desde a sua criação, em quase três anos de lutas, a Rede Andorinhas obteve conquistas significativas para as mulheres da universidade mineira. Entre elas, a aprovação da Resolução 2606 pelo Conselho Universitário (CUNI), que garante às mulheres que tiveram filhos ou adotaram durante o período avaliativo para progressão de cargo, o direito de cumprir apenas 50% dos créditos necessários para a progressão.
Além desta, o coletivo conseguiu a aprovação da resolução 2607, que torna obrigatório que as bancas dos concursos da UFOP sejam compostas por, no mínimo, um terço de mulheres e em uma perspectiva interseccional étnico/racial, de gênero, sexualidade e deficiência como membros titulares. Na resolução ainda consta, no que diz respeito à avaliação dos currículos, que a candidata que passou por gestação ou adotou uma ou mais crianças no período em avaliação, terá correção de 10% a 20% na pontuação obtida.
A Rede também garantiu que gestantes e adotantes tenham pontuação corrigida de forma semelhante na avaliação do currículo nos editais internos da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da instituição.
Além dessas conquistas, a Rede Andorinhas vem trabalhando para garantir equidade e o enfrentamento efetivo às violências contra as mulheres. Uma das ações nesse sentido é o estímulo à participação de docentes e técnicos administrativos em cursos e palestras sobre gênero, diversidades e violências e, desde o final de 2023, o coletivo conseguiu que todos os novos servidores, ao integrarem o corpo de funcionários da universidade, fossem obrigados a participar de cursos a respeito de temas como assédios no ambiente universitário, através do programa Sala Aberta.
Por Morgani Guzzo e Pedro Ordones - Observatório Sul-Sudeste